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sexta-feira, 25 de março de 2016

Prestigiando a Stéphanie no lançamento do seu portal "Maternólatra" e falando um pouco mais sobre o Programa de Atividade Física para gestantes da Academia Noctiluca em SJCampos




quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Parto (matéria bem interessante para as futuras mamães de primeira viagem)

 Por - Ana Maria Morateli da Silva Rico
Psicóloga Clínica

Fobias do parto

O proximidade do parto pode deixar algumas mulheres em uma montanha russa de sentimentos que pode afetar tudo e todos à sua volta

A partir do terceiro trimestre ocorre um fenômeno da maior importância. Com todas as estruturas fisiológicas formadas e funcionais, a existência no espaço aéreo agora é viável para o feto, que se encontra em pleno e rápido desenvolvimento, ganhando peso e volume.
Há, então, uma alteração na dinâmica psíquica da gestante, pois com a possibilidade de vida de seu bebê, mesmo num parto prematuro, altera-se, também, a percepção que tinha dele e que lhe permite começar a pensar quando será o parto e como será.

No decorrer das semanas, o corpo da futura mamãe vai se avolumando mais e mais, provocando-lhe um intenso desconforto físico. Percebe-se mais pesada e lenta, sem energia e disposição para manter suas atividades habituais, também porque não mais encontra posição confortável para dormir.
Embora todas as gestantes sintam-se mais limitadas, as reações são diferentes. Enquanto umas descansam, ficando um tempo maior deitadas e inativas, outras continuam hiperativas como negando a gravidez, uma vez que a baixa de atividade geral, significaria aumento na angústia. Uma parte considerável delas continua exercendo suas ocupações profissionais e do cotidiano, embora exigindo maior esforço. Com esta realidade que se lhes apresenta, a proximidade do parto é um fato inegável e percebida com grande temor, embora a evolução da obstetrícia moderna tenha diminuído sensivelmente o risco físico tanto para a parturiente quanto para o bebê. Podemos aqui incluir a mulher cuja gravidez foi planejada e que no decorrer desta tenha adquirido um grande amadurecimento emocional, desejando a chegada do bebê. Ela também sente a angústia do parto, embora com um grau suportável.

Assim, mais uma vez a ansiedade se exacerba e os sentimentos são ambivalentes: a vontade de terminar a gravidez e ter o filho alterna-se com a vontade de prolongá-la para que possa fazer as adaptações internas e externas necessárias para acolher o bebê.

É que neste momento a angústia tem raízes mais profundas e inconscientes. Todos os temores vivenciados desde o início da gravidez se reatualizam, porque com o parto, a mulher terá a constatação se os momentos de dúvidas, questionamentos e incertezas não prejudicaram o feto e se realmente é merecedora de ter um filho saudável e perfeito, ou seja, aquele que ela vai ter que mostrar ao pai, à família e aos amigos em geral.
A angústia do parto é, talvez, a mais primitiva que se conhece, pois faz reviver o momento crucial em que ocorre a separação definitiva do corpo materno, quando do próprio nascimento.

A ansiedade mais expressiva que surge refere-se à data aproximada do parto: "quando será?". Nesta questão, escondem-se outras: "como será o parto, como será o bebê, como serei enquanto mãe, terei condições de assumir o compromisso com esta nova vida..."
O conflito entre os conteúdos conscientes e inconscientes, que aparecem mais especialmente nesta etapa, facilita a revivência de conflitos infantis da gestante com seus pais de origem ou irmãos, que antes permaneciam reprimidos. 

Desta maneira, surge a oportunidade de renegociar suas relações com a história familiar, encontrando novas possibilidades de solução ou então se intensificam os conflitos, o que certamente irá afetar a relação mãe-bebê. 

Com os movimentos fetais, há, também, uma percepção maior das contrações uterinas, muitas vezes sobressaltando e atemorizando ainda mais a futura mamãe.
Pouco antes do oitavo mês, pode se produzir a versão interna, que é o momento em que o feto posiciona-se de cabeça para baixo, à entrada do canal do parto. 

A percepção deste movimento provoca, inconscientemente, uma intensa crise de ansiedade, cuja sensação consciente é de algo estranho acontecendo, podendo provocar certos processos somáticos, como: diarreias, constipação, aumento de peso excessivo, câimbras intensificadas, crises de hipertensão e outros, cada um com seu significado psicológico próprio. O mais grave deles é o parto prematuro, quando as crises de ansiedade chegam a níveis insustentáveis. Não tolerando mais a situação ansiógena e precisando livrar-se dela com urgência, a dinâmica psíquica desencadeia o parto, funcionando como uma defesa ante a possibilidade de uma desestruturação psicológica.
Todos estes sintomas expressam, além do conflito, um pedido de ajuda e proteção por não conseguir suportar e elaborar a crise de ansiedade. 

Vale dizer que os temores mais comuns que se expressam na gravidez apresentam um caráter de autopunição, do tipo: temor à morte no parto, à dor, incapacidade de criar bem o filho, ter leite fraco ou mesmo não conseguir produzir leite suficiente, parto traumático por fórceps ou cesariana, morte do filho, filho disforme... enfim, a gestante sente que não é capaz de defrontar-se com o parto e superá-lo.
Frequentemente, nestes momentos de intensa crise, deixa de perceber os movimentos fetais, cuja vivência é extremamente dolorosa e angustiante, pois é associada à possibilidade de morte do bebê. Essa ausência de percepção deve-se à intensidade da angústia, bem como, pelo fato de o feto estar bem desenvolvido e não haver espaço intra-uterino suficiente para suas evoluções, além de que já existe certo grau de encaixamento.
É importante lembrar que não são apenas as primíparas a apresentar as fobias do parto. Por serem fobias profundamente enraizadas, ligadas à história da mulher, a esta gravidez, ao modo como sua mãe relatou o seu próprio nascimento, à história do casal e ao que ela espera deste filho, podem atingir as gestantes em outra gravidez e não necessariamente na primeira.

É muito comum as futuras mamães terem sonhos referentes ao parto, ao bebê, às alterações do seu corpo e às expectativas em relação a si mesma e ao bebê. O sonho tem uma função fundamental nestes casos, pois oferece a oportunidade de enfrentar antecipadamente a tensão do parto, numa tentativa de dominá-la, não devendo, porém, ser considerado como premonição, pois o verdadeiro significado só poderá emergir durante um trabalho analítico.

Atualmente, sabe-se que o futuro papai não fica imune às angústias durante a gestação de seu filho e elas também podem ser expressas através de sonhos e, muitas vezes, de distrações e esquecimentos, o que provocam grandes tensões entre o casal.

Por não ter com quem expressar o sofrimento que o atinge, ocorre de modo inconsciente e mais comumente do que se possa pensar, todo tipo de acidentes, depressão e comportamentos de fuga, como excesso de trabalho, novos interesses fora do lar e que atuam como uma forma de chamar a atenção e de reclamar o seu lugar, já que o ambiente imediato está às voltas com a gestante e esta com os preparativos para a chegada do bebê, tendo de lidar, também, com suas próprias ansiedades.

Um dos temores mais comuns é não saber reconhecer os sinais do parto e ser pega de surpresa. Assim, a qualquer sinal percebido como estranho, geralmente a gestante vai para a maternidade.
Os alarmes falsos têm duas funções tranquilizadoras: além de permitir a liberação da ansiedade, funciona como um exercício da maneira como deverá se comportar no momento de ir para o hospital. Muitos homens aproveitam para cronometrar o tempo dispendido no percurso, pois o fato de saber em quanto tempo suas parceiras estarão sob cuidados médicos e hospitalares, acalma-os.

No caso de existirem outros filhos, estes devem ser preparados para a ausência materna, quando for ter o bebê. Utilizar-se sempre de palavras que expressam a realidade e que estejam de acordo com a compreensão de cada um. Mesmo as crianças de pouquíssima idade e até as que ainda não dominam o vocabulário conseguem captar o sentido do que vai sendo dito e isto as tranquiliza.
No momento em que o parto se aproxima, o ambiente mais próximo, preferencialmente as futuras vovós, entram num estado de grande agitação, fazendo planos e oferecendo assistência e colaboração após o nascimento do bebê.

O modo como este movimento será interpretado pela gestante depende de sua história, principalmente na relação com a mãe nos momentos mais precoces de sua vida. Ela poderá se sentir mais segura e agradecida ou, ao contrário, encarar como um comportamento invasivo que vem para confirmar a sua incapacidade em exercer a maternagem adequadamente.

Muitas vezes o ambiente imediato não consegue funcionar como continente para todas as angústias, temores, ansiedades e culpas que despertam na futura mamãe, porque também estão revivendo, de forma menos dramática, é verdade, seus próprios temores frente à vida. Assim, a gestante se percebe muito só, sem apoio e proteção, completamente indefesa, o que, por certo, aumentará a angústia, podendo chegar à depressão.

Faz-se extremamente prudente e necessário a ajuda de um profissional capacitado que possa acolhê-la, orientá-la e reassegurar-lhe a confiança e o bem-estar neste momento de crise ou mesmo de todo o período gestacional.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Após uns meses sem postar....aqui retomo com uma matéria muito interessante

Fonte -  http://www.educacaofisica.com.br

 

 Atividade física na infância ajuda no desenvolvimento do repertório motor

Estudos mostram que o risco de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 40%. Já o adolescente obeso se torna um adulto obeso em 80% dos casos, ou seja, o dobro se compararmos a uma criança obesa. 


Introduzir verduras e legumes na alimentação das crianças às vezes pode ser uma luta. Na hora de escolher a comida, elas acabam preferindo os industrializados, os fast foods, os doces… Entretanto, os pais precisam ficar alerta, pois a cada ano mais crianças ficam obesas. Iniciativas que motivam a criança a sair do sedentarismo e também que comida saudável pode ser gostosa. Participaram do programa a endocrinologista Cintia Cercato e o médico do esporte e consultor Gustavo Magliocca.
Estudos mostram que o risco de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 40%. Já o adolescente obeso se torna um adulto obeso em 80% dos casos, ou seja, o dobro se compararmos a uma criança obesa. Por isso, atenção na alimentação e no sedentarismo na infância!
Quando a alimentação da criança é pobre em nutrientes, ela pode ter anemia. Outro problema é a falta de cálcio. Quase 50% da massa óssea é obtida até os 18 anos e 99% do cálcio está nela. A falta de cálcio reflete no déficit de crescimento, déficit de desenvolvimento, maior chance de obesidade e osteoporose.
Recomenda-se 1300mg de cálcio ao dia, ou seja, três porções de derivados lácteos (iogurte, leite e queijo, por exemplo). O cálcio também está presente nas folhas verdes escuras, brócolis, repolho, espinafre. Além do cálcio, é importante consumir também o ferro, encontrado principalmente na carne vermelha.
E os benefícios da atividade física? Além de fazer a criança se mexer e sair do sedentarismo, os exercícios ajudam a emagrecer. Isso reflete no colesterol, risco de diabetes, risco cardiovascular, risco de câncer e também melhora o humor, concentração e estado de alerta.
Os pais devem dar o bom exemplo sempre, desde cedo. Estudos mostram que 90% dos filhos de pais ativos também são ativos. Até os 14 anos é recomendado que a criança faça diversas modalidades esportivas para desenvolver o repertório motor.
A Organização Mundial da Saúde recomenda 2 horas/dia de exercícios para crianças de até cinco anos e 1 hora/dia para crianças e adolescentes até os 17 anos. Esse tempo deve ser distribuído ao longo da rotina diária.
Matéria publicada no site G1

sexta-feira, 29 de maio de 2015

PARA REFLETIR

 
FONTE
 

Há um discurso corrente que reforça a ideia de que mulheres que se tornam mães se tornam, também, super heroínas. 
Que são super mulheres que dão conta de diferentes demandas e acumulam diferentes tarefas.
Mulheres maravilhas, dotadas de capacidade diferenciada do restante da população, capazes de modificar agendas, de se transformar em múltiplas e até, quem sabe, multiplicar os pães. 
Tudo isso para dar conta da casa, da vida profissional, dos filhos, da alimentação, das roupas, de suas demandas individuais e mais as demandas individuais das pessoas de sua convivência. 
E então nós, as mães, batemos no peito, ostentamos nosso orgulho e bradamos ao coletivo: SIM, SOMOS FODA. Somos mulheres maravilhas e damos conta de tudo. Dane-se que você não dê, dou conta no seu lugar, faço a sua parte e faço muito bem feito.
Sabe o que é isso? Não é um super poder.
Sabe o que é isso? Não é um dom, uma dádiva.
Sabe o que é isso?
Isso se chama: falácia. Isso se chama: opressão.
Isso se chama: discurso criado pelo senso comum (machista, patriarcal e opressor) e reverberado por nós mesmas e que não, não nos representa. Não nos privilegia. Não nos ajuda. E nos oprime. Ainda mais.
Veja. À medida que reforçamos o fato de termos poderes que não temos (porque não, gente, não temos...), dizemos à sociedade: “Tudo bem essa sobrecarga, eu aguento”. “Tudo bem esse acúmulo de tarefas, eu dou conta”. “Tudo bem que você não queira fazer sua parte com seus filhos, eu faço”. Nós dizemos: “Tudo bem. Eu aceito. E faço desse limão uma caipirinha”. “Deixa pra mim, eu faço o que você deveria fazer”.
E assim, aceitando esse discurso que nos sobrecarrega, nos cansa, nos esgota, vamos tocando em frente, achando que, por isso, somos especiais.
Nós não somos especiais. 
Nós nos cansamos, e sofremos, e sentimos, e choramos de exaustão, e fingimos que não dói e que tudo bem, somos resilientes e vamos superar. Porque o que não nos mata faz o que? “Nos torna mais fortes”. Pode ser que sim. Mas também pode ser que não. Querem te fazer acreditar que sim. Mas tente perguntar a si mesma: está legal como está?

E assim, as pessoas vão deixando sobre nossos ombros, disfarçado de “elogio e reconhecimento de nossas capacidades e habilidades”, tarefas que não são nossas, responsabilidades que deveriam ser divididas, papéis que não deviam estar sendo desempenhados apenas por nós. Emocionalmente, fisicamente, moralmente, financeiramente. É como se você, sendo CEO de uma empresa cujo bom desenvolvimento depende da atuação equilibrada e equânime de toda a equipe, depositasse sobre um único funcionário as tarefas e responsabilidades de dois, três, sabe-se lá quantos. E, a respeito desta carga desrespeitosa e desumana, é como se você dissesse: “Parabéns, Fulano. Você é nosso melhor funcionário. Faz o que dois ou três deveriam fazer, e ainda faz bem feito”. Sai dando tapinha no ombro e enaltecendo o cara – desrespeitado e violado em seus direitos – por sua admirável capacidade de... fazer o que todos deveriam estar fazendo. Esse funcionário tem algumas alternativas para sobreviver dentro desta organização, entre elas duas: fantasiar que, sim, ele é especial, tem habilidades diferenciadas e essa sobrecarga na verdade o enaltece e engrandece perante os demais e "Puxa! Isso é ótimo! É um sinal de alto reconhecimento social e profissional". Ou... Ele pode perceber a exploração e a sobrecarga e recusá-la. E se manifestar. E mostrar que não, aquilo não é uma benesse, é um prejuízo. E pode se rebelar, exigir melhores condições para desempenhar suas tarefas, reivindicar tratamento equânime e tudo mais que sabemos ser justo para a busca do equilíbrio coletivo. Pode ser que ele seja demitido. E tudo bem para a empresa, porque, ao ser demitido, outras pessoas farão o seu papel – afinal, o mundo capitalista produz gente implorando por vaga de trabalho, logo ele será substituído, quiçá por alguém que aceite sem reclamar e sem “fazer beicinho ou dar xiliquinho” o acúmulo de tarefas e a sobrecarga de funções que ele se recusou a aceitar.
Tal qual a analogia, mães podem perceber a exploração e sobrecarga. Mães podem se manifestar. E mostrar que, não, não é uma benesse, é um prejuízo, um desrespeito. E podem se rebelar sim, e exigir melhores condições para desempenhar suas tarefas, para ser e viver como mãe sem que se sinta funcionária, podem reivindicar tratamento equânime e tudo mais que sabemos ser justo em busca do equilíbrio coletivo. Mas sabe o que elas não podem fazer? Não podem se demitir. Porque, paradoxalmente, parece que ali não entra a tal relação mercadológica de oferta e procura. Porque não, NÃO HÁ NINGUÉM PARA FAZER EM SEU LUGAR. E não é porque talvez existam 3, 4, 5 ou 6% de “personagens” que fazem seu papel e contribuem para a manutenção da equidade nas relações familiares e nas demandas necessárias – e estou sendo bem, bem generosa -, vamos pintar com cores mais coloridas os 97, 96, 95 ou 94% que não fazem e que, por não fazerem, estão sobrecarregando essas mesmas proporções de mulheres mães. Elas não podem deixar de fazer porque isso significaria deixar crianças ao deus dará, soltas no mundo, no “cada um por si e deus contra todas”. E a sociedade se esforçou muito para incutir nessas mulheres a crença de que NÃO PODEM fazer isso e oferecer a elas doses alopáticas de CULPA por todo e qualquer pensamento que tenham nesse sentido.

Então, ladies queridas, tenham cautela ao se proclamarem super mulheres e heroínas porque vocês possuem múltiplas habilidades, suficientes para suprir ausências. Vocês não são. Nós não somos. Isso foi uma grande falácia criada para nos sentirmos especiais por fazer o que TODOS deveriam estar fazendo. Não há coerência nenhuma em defender o tão sábio e verdadeiro discurso do “É PRECISO TODA UMA ALDEIA PARA CRIAR UMA CRIANÇA” se, quando a aldeia falta – e parece que ela sempre falta – disfarçamos essa ausência sob rótulos maravilhosos de heroínas.

Se somos mulheres maravilhosas? Sim, somos. Mas não porque damos conta daquilo que outras pessoas não dão. Somos maravilhosas porque estamos organizadas e nos organizando em busca de apoio social, de formação de redes que nos apoiem mutuamente, em busca de educação não violenta para nossas crianças, porque estamos fugindo dos rótulos medicalizantes, porque nos dedicamos às nossas vidas pessoais e profissionais INCLUINDO nossas crianças – e não pensando no próximo horário para nos livrarmos delas. Somos maravilhosas porque sobrevivemos em um mundo chauvinista, machista, segregador, agressivo e violento. Especialmente com a gente.
Se somos heroínas? Não somos. Estamos é sobrecarregadas. Não porque trabalhamos. Mas porque continuam a achar que as crianças são responsabilidades apenas nossa - ou principalmente nossa. E não são. 
Não douremos a pílula nem banalizemos o mal. Nunca foi uma capa. Era um vestido mesmo. E a moça do vestido continua sem rosto, despersonificada no meio da multidão, bastante cansada. E cuidando da aldeia. Mesmo sem querer ser e estar assim, mesmo sem ser isso. Não queremos capas. Queremos respeito e equidade. Super mulheres? Mulheres maravilhas? Não queremos mais esse título, obrigada. Pegue-o para si, aldeia.
Semana passada, por conta de um desafio que tivemos que cumprir, eu e minha parceira de trabalho entrevistamos, de uma vez, 106 mulheres mães que fazem parte da minha rede virtual. Perguntamos a essas mulheres o que eles estavam sentindo, quais eram os principais desafios que precisavam vencer, o que as deixava felizes como mães, quais eram suas metas e anseios como mulheres também mães. Sabe o que resultou disso? Um perfil muito, muito sério e preocupante. De mulheres cansadas e tristes. As poucas que se mostraram felizes e satisfeitas com o papel – ou papéis – desempenhado, reconheciam-se como privilegiadas e isso porque “sabiam que felicidade não está entre os sentimentos mais frequentes das mães atuais”. Essa angústia não suplanta qualquer bem querer e forma de amor que tenham por suas crianças. Mas parece que algo nós já sabemos: não basta só amar. É preciso que sejamos apoiadas e que as relações desiguais desapareçam. Ou seremos sempre representadas como mulheres maravilhas felizes com suas neuras em busca do melhor alvejante para o chão e que conseguem preparar a comida enquanto terminam um relatório.