Publicado em - 27/09/2012
Do UOL
Em São Paulo
Os cérebros de grávidas que esperam meninos podem apresentar DNA masculino
até o fim da vida, mostra nova pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) no
periódico PLoS ONE. Já é conhecido que as células e o DNA trocado entre
as mães e os fetos na gravidez podem persistir no sangue e nos ossos das
mulheres após o nascimento do bebê – condição chamada de microquimerismo
fetal.
Mas os resultados obtidos pelo centro de pesquisas de câncer Fred Hutchinson,
em Seattle, nos Estados Unidos, mostram que o material pode ultrapassar essa
barreira e se alojar em outros órgãos das mulheres – e isso acontece com
bastante frequência no cérebro feminino, revela o estudo.
Para fazer a pesquisa, o time liderado pelo reumatologista J. Lee Nelson
examinou autópsias feitas em cérebros de 59 mulheres que tinham entre 32 anos e
101 anos quando morreram. O grupo encontrou evidências do cromossomo Y em
múltiplas regiões do cérebro, afetando 63% das amostras analisadas. Além disso,
eles detectaram que o DNA masculino perdurou no organismo das mães até o fim da
vida – a mulher mais velha com microquimerismo fetal cerebral tinha 94 anos.
Riscos do DNA masculino
Mesmo os efeitos secundários do alojamento de DNA no cérebro ainda serem
pouco conhecidos, os pesquisadores levantam a hipótese de que esse material
genético intruso pode combater o mal de Alzheimer.
Isso porque, das 59 mulheres analisadas, 33 delas apresentavam sinais da
doença degenerativa e outras 26 não tinham problemas neurológicos. As
portadoras da síndrome, no entanto, estavam no grupo de mulheres com a menor
concentração de células fetais masculinas no cérebro - ou seja, a maioria tinha
pouca proteção contra a doença de Alzheimer, afirma o estudo.
Os pesquisadores lembram, ainda, que o microquimerismo fetal pode tanto
ajudar a saúde feminina, com a reparação de tecidos e a melhora na imunidade do
organismo, quanto reagir negativamente, com a aparição de doenças autoimunes e
câncer.
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